CAMINHOS DA VIDA, tem como objetivo registrar alguns dos artigos escritos por AIDA LUZ — militante do Racionalismo Cristão, Filial Seixal, Portugal — que com sua perspicácia, disciplina, determinação e, principalmente, sua sensibilidade aflorada tem sabido utilizar-se da pena para escrever artigos com valorosos ensinamentos, incentivando e elevando todos aqueles que buscam o crescimento espiritual.

RESPEITEMOS NOSSOS FILHOS

Ao olharmos para as crianças de hoje, é habitual imaginarmos nelas os jovens de amanhã, assim como ao vermos os agora jovens, procuramos antever os homens do futuro, os continuadores de tantos percursos já encetados por nós.
Quão bonito é dedicarmos nossa admiração a essa JUVENTUDE, mas como se torna, por vezes, difícil fazer algo por ela.


Juventude de hoje que dará ao Mundo novos elementos de novas Sociedades.
Sociedades que poderão ter tudo para comandarem um novo Mundo, de mais fácil manobra, mais real, mais objectivo, mais saudável. Em face do passado, podemos dizer que temos tudo ou quase tudo. Porém, que mau uso fazemos, por vezes, daquilo que está ao nosso alcance.

Não gostaria de ser juiz, pois acho que seria dura ao dar a minha sentença, mas que alegria teria se pudesse advogar a causa que tanto me enternece, tanto estremece minhas entranhas, criando o sabor da revolta.

HOMENS, MULHERES, de rostos angelicais, falas mansas, gestos cordiais, mas cabeças vazias, pensamentos sádicos. Quereis escolher a arena, não importando que nela haja erva viçosa, terra seca ou lama escorregadia. O que interessa, é que no centro encontreis instrumentos para liderar na vingança ou na disputa.

Criaturas que tanto gritais a favor da JUVENTUDE, sentai-vos na relva como eu, enfrentai no jardim o carrossel da vida, e olhai os rostos de vossos filhos. Eles são os jovens de hoje, os GOVERNANTES de amanhã, os médicos, os operários, os artífices do novo MUNDO!

Que lhes dais, que lhes estais a tirar?
É tempo de fazerdes algo em benefício desses JOVENS.

É de estarrecer ao pensar no que se passa nos dias de hoje.

Um par que se casa, clama ao mundo a sua felicidade, dá filhos a esse mesmo mundo, cria-os, leva-os ao médico para que se tratem quando doentes do corpo, mas, entretanto, “por dá cá aquela palha”, como se diz popularmente, lhe transmitem uma peste maior do que qualquer doença normal.
A Tragédia ! A Tempestade ! O Divórcio ! …

Sinceramente, gostaria de poder saltar invisíveis barreiras, anulando quaisquer obstáculos provocadores de tais situações.

Que tristeza ter que ficar impávida e serena e nada poder fazer.

Assim, aqui vão meus lamentos, que eles sirvam de alerta a quem ainda está a tempo de salvar-se da queda no abismo, arrastando nela a pureza, a virtude e a esperança.

Pais, muitas vezes grandes personalidades, homens para quem viramos nossos rostos, e pensamos ver verdadeiros chefes de família e donos de nossos destinos, comandando Nações. Engano, simples engano, farsa teatral e nada mais.

Ao encontrarem alguém que lhes sirva a seus anseios mesquinhos, que lhes sorria e lhes dê o prazer do vício, sem responsabilidade, mas que adula suas vaidades, esquecem a esposa, a rainha do lar à qual prometeram felicidade, a companheira fiel, digna, compenetrada a cumprir seu dever de esposa e mãe.

Esquecem mesmo o amor que lhe tiveram ou disseram ter, desrespeitam os filhos injuriando as mães, difamando-as e matando entre eles o que nunca deveria acabar, terminar espezinhado como ervas daninhas, esse “sentimento” que denominamos “AMIZADE”. Sim, por muito que vos quiserdes divorciar, por muito que desejeis com outras casar, lembrai-vos criaturas que não sois cães, mas sim seres humanos. Muitas vezes o cão, animal irracional, é-nos mais fiel, mais amigo.

Que homem és tu que incitas teus próprios filhos contra a sua progenitora? Será que nunca te sentiste filho? Não tendo conhecido a tua, considerando que tivesse desencarnado antes de conheceres o uso da razão, deverias, pelo menos, respeitar sua memória. Era o menos que poderias fazer.

Vê as consequências que poderá ter a tua maneira de te comportares. A desonra, o enxovalho dos teus filhos, a vergonha que possam sentir, a vontade de morrerem pensando que tudo acaba assim, o que os leva a desiludirem-se, a perderem a esperança, a vontade de continuarem lutando por uma vida, que lhes parece inútil, vazia.

Pior ainda, querendo matar neles a sensação de sentirem amparo ao se encostarem a um peito suave, sincero, acolhedor, bom conselheiro, onde chorarem seus aborrecimentos, suas mágoas. Haverá ouvinte melhor que a própria mãe?

Assassino, que destes a ti próprio um presente, e friamente o esmagaste em tuas próprias mãos.

Que proveito ou exemplo se poderá tirar duma ligação que foi tão boa, e que chegou a uma autêntica disputa, ou contenda violenta, do “puxa que puxa“.

A mãe que se acha com direito aos filhos, que muitas vezes trabalha o dia inteiro para os poder criar e mimar. O pai que se afasta do lar na perdição, para prejuízo do espírito, e enegrecendo o próprio nome, tornando-se indigno dele, e, por simples vaidade ou para fazer valer sua autoridade, impele os filhos à revolta contra a mãe, incita o tribunal para que lhe dê o direito paternal, quando não o devia ter.

Tudo porque mentem, aldrabam, difamam a que tiveram por esposa. Vingança, injustiça, que nada lhes dará de bom, ainda com a agravante de quererem misturar os filhos com as próprias amantes, dando-lhes um mau exemplo, lançando-os numa estrada escura em corrida desenfreada.

São esses filhos, infelizes, como simples objectos numa sala que se vai esvaziando, restos de uma jarra quebrada, e muito pior, instrumentos de uma guerra onde o sangue que por ela é derramado, fica escondido num mundo de dúvidas, de incertezas, de desespero, de insegurança.

Direis com certeza que só penso no Homem como único culpado.
Não leitores amigos, nem sempre o Homem é o culpado, ou o único culpado. Muitas vezes a Mulher também é culpada, se não a única culpada.

Os papéis se invertem, podem até ter consequências mais desastrosas, mas sempre em todas as situações, os enjeitados, os traumatizados, os despojos dessa guerra são os inocentes dos filhos.

Oh, como haverão de se sentir perdidas essas pobres CRIANÇAS ! Chegarão à JUVENTUDE, completamente desajustadas, sem bagagem para enfrentarem uma nova realidade.

Quantas meninas são lançadas, pelos próprios pais, em vidas de prostituição. Quantos rapazes são iniciados, também, em vidas de jogo, roubo e droga.
Não será pois oportuno, uma mudança de comportamento face a uma JUVENTUDE carente?

Torna-se pois de urgência imediata, pôr um fim a estas situações, iniciando uma nova época. Que ela seja a da “RESTAURAÇÃO” da imagem dos “PAIS IRRESPONSÁVEIS”, dando-lhes uma nova face.

Aí sim, poderemos esperar que o mundo melhore, se revigore e crie novas raízes, mais duradoiras, mais fortes, que nos darão novos ramos com nova seiva, novo vigor, rumo à “VITÓRIA“, a um MUNDO NOVO, onde os principais interesses sejam os de formar uma única comunidade, onde reine a paz e a esperança, de mãos dadas com a EVOLUÇÃO.

E que em caso de o divórcio ser a solução mais viável, procurem salvaguardar lembranças do passado, conservando amizades que um dia foram construidas, respeitando-se uns aos outros para bem dos Seres que deram ao Mundo, e, considerando que, como Partículas da Inteligência Universal, somos partes integrantes do “TODO“, e nele nos reuniremos.
As palavras de ordem deverão ser :
NÃO AO ÓDIO, À VINGANÇA, À TRAIÇÃO, AO DESAMOR,
E,
SIM AO VERDADEIRO AMOR ENTRE TODOS OS SERES IRMÃOS EM ESSÊNCIA
“SUBLIMEMOS O AMOR UNIVERSAL”
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RESPEITEMOS NOSSOS FILHOS
Aida Almeida Lopes da Luz