Sabe-se ainda que é o próprio espírito quem escolhe, após demorado estudo na vida espiritual, e busca, segundo as suas necessidades de ordem moral e intelectual, o país, a sociedade, a família, os seus genitores, e até sugere seu nome através do pensamento aos seus futuros pais, tudo enfim, quanto deva e possa concorrer para o seu progresso, assim é ele o principal e único responsável pelas contingências, pelas vicissitudes e dificuldades que o assoberbam durante sua vida corpórea.
E enquanto encarnado vive formatando e concebendo idéias, intuições que recebe limitadas ao seu nível de conhecimentos, se receber algo superior a sua aprendizagem, fatalmente não saberá o que fazer com tal informação, é o mesmo que colocarem em nossas mãos uma máquina desconhecida por nós.
Portanto, não saberíamos seu manuseio nem sua serventia, fica assim comprovada a limitação da informação recebida, "via intuição" sempre necessitaremos de mais uma aprendizagem, sempre faltará algo, um novo patamar a ser alcançado na encarnação presente.
Essa idéia também justifica a existência de mundos de evolução em níveis diferentes de conhecimento ao qual pertencemos com mundos dispersos no espaço, com centenas de milhões de espíritos em cada plano, patamares de evolução.
Normalmente a desencarnação deverá ocorrer na velhice como um fenômeno natural da vida dos seres humanos, significando o oposto à encarnação, uma existência humana inicia-se pela gestação, nasce, cresce, amadurece, e extingue-se naturalmente pelo envelhecimento, deixando de ter utilidade, passando a ser um fardo pesado ao espírito, cabendo uma solução natural e espontânea, que é a desencarnação, uma vez abandonado pelo espírito, o corpo físico nada mais é do que um composto de matéria, perdendo sua fonte natural de energia, sua força, que é o espírito, assim o corpo físico cai no domínio das leis químicas, desintegra-se, e suas moléculas passam a decompor-se e, a constituir outras formas de vida.
O espírito, no momento em que fica livre de todas as influências deste mundo, retorna ao mundo de luz ao qual pertence e se submete voluntariamente a um detido exame de seus atos, quando nenhum ato escapa à sua apreciação e seu julgamento.
O remorso nessa ocasião lhe queima a consciência, esse remordimento é queimadura de alto grau produzida pelo atrito da luta íntima entre a constatação do mal praticado e a consciência do dever deixado de cumprir que faz o raciocínio desenvolver-se.
Dominado pelo arrependimento, anseia por uma nova reencarnação, disposto a dar o máximo de si para recuperar, o mais rápido possível, o tempo que perdeu na Terra.
Ninguém poderá chegar ao fim das encarnações terrenas enquanto não houver alcançado o mais alto nível de integridade e estar sempre disposto a contribuir para o bem geral, com justiça, dignidade e lealdade, contribuindo para a elevação dos valores morais, em geral, da humanidade.
Assim, passamos a entender que a morte jamais existiu, o espírito é um ser imperecível, devendo portanto as criaturas esforçarem-se por refazerem-se o mais depressa possível do choque causado pela desencarnação de parentes e amigos, para não enfraquecerem-se espiritualmente, predispondo-se a enfermidades, pois por seu abatimento e desânimo não comunicam, não transmitem ao corpo a vitalidade que faz nascer a energia.
Também já é tempo de abandonar a crença de que os espíritos desencarnados necessitam de rezas, de preces ou orações.
No campo espiritual, as influências perturbadoras não existem, a vida é sentida com inteira realidade, após a desencarnação, a lucidez é completa, então caberá a quem estiver, por exemplo, na obrigação moral de acompanhar os restos materiais de uma existência humana, desviar o pensamento da comunhão enfraquecida e erguê-lo sereno, claro, límpido, consciencioso às Forças Superiores, que é a meta para onde se dirigem todos os espíritos libertos de suas ligações com a matéria e das influências fluídicas originárias das emoções inferiores de que este planeta está saturado.
Céus, paraísos, purgatórios, caldeiras incandescentes, infernos ou demônios, são contemporizações humanas que a própria razão e o bom senso repele, o mesmo acontecendo com julgamentos divinos, não existem deuses para julgar os que desencarnam, ao deixarem a atmosfera da terra, os espíritos vêem com alegria, o que fizeram de bem, e com profundo pesar as ações condenáveis.
ENCARNAÇÃO, DESENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO
A Gazeta do Racionalismo Cristão
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